quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Trocando Ideia: Lipe Canindé estreia a nova série de entrevistas

Assim como muitos instrumentistas do samba, Lipe Canindé – violonista paulistano que estreia a nova série de entrevistas da série Trocando Ideia – começou sua iniciação musical no cavaquinho, depois flertou com o violão de seis cordas e fez morada com a sétima corda. 

Nascido e criado na zona leste de São Paulo, mais precisamente em São Miguel Paulista, o violonista falou um pouco sobre as influências que foram fundamentais em sua carreira musical, que atualmente se divide entre arranjador, diretor musical e integrante do grupo Choro em Linha de Passe.

Na entrevista abaixo, Lipe repassa diferentes momentos de sua vida pessoal e musical, citando mestres do violão como Dino 7 cordas, Raphael Rabello, Luizinho 7 Cordas, Edmilson Capellupi, Rogério Caetano, entre outros.






Confira o papo na íntegra:


- Em que bairro de São Paulo você cresceu? 

Sou da zona leste, precisamente Vila Mara em São Miguel Paulista.


- Quais são suas primeiras lembranças de contato com o samba? 
Bem desde pequeno ouço sambas em casa, pois meu pai toca um pouco de violão e tinha discos de Martinho da vila, Cartola, Roberto Ribeiro e também rolavam muitas “bolachas” de choro.

- Quando percebeu que se identificava com o violão? Como iniciou esse contato?

Para falar a verdade, meu primeiro contato foi com o cavaquinho, mas veja só que engraçado: quando eu pegava os discos de samba e choro para tirar as harmonias, ficava viajando nos acordes, contrapontos e solos dos violões. Por que será?  

Logo que comecei a frequentar e tocar em rodas de samba e choro, ficava pentelhando os bons violonistas que conhecia e pedindo dicas, chegando em casa tentava passar o ensinamentos para meu violão, que no início era violão de 6 cordas. Então conheci e fiz amizade com lendário conjunto de Choro Bando de Macambira, tocava com eles em rodas e chequei a substituir o cavaquinista por algumas vezes em shows.

Lá sim foi o inicio dos meus estudos como violonista, o Seu Luiz Lima (já falecido), que era o 7 cordas do conjunto, foi me tirando as duvidas e me preparando para o 7 cordas. Quando comprei o meu primeiro violão 7 cordas, fui atrás do Mestre Luizinho 7 cordas, por indicação do Seu Luiz Lima. Estudei uma época com o seu Luizinho, e depois fui colhendo as informações dos amigos que fui conhecendo, sem abandonar (até hoje!) o habito de ir atrás dos discos de vinil e cds com meus ídolos tocando, e tirar dali inúmeros fraseados  e levadas juntando ao meu próprio vocabulário. Com o tempo saí por ai tocando meu violão com muitos amigos, artistas e gravações.

- O que você considera importante para quem quer aprender a tocar o instrumento? 

Muita estudo e dedicação, respeito pelo som que quer fazer, e se o sonho for ser um profissional, estude horas a fio, nunca vi nenhum músico que se tornou referência dizer que estudava menos de três horas por dia, isto no caso de violão digo de Baden Powell, Dino 7 cordas e Raphael Rabello a Luizinho 7 cordas, Rogério Caetano e Félix Junior.

- É possível tocar violão de 7 cordas sem ter um contato prévio com o de 6?

Sim, só será um caminho mais árduo, e em determinado momento o músico irá perceber que sem um bom conhecimento de técnicas que a priori são passadas nos ensinamentos do violão 6 cordas, não vai render muito. Então terá de fazer o caminho inverso, voltar e estudar todos os ensinamentos que pulou, digo dos estudos de dedilhados, arpejos, ligados enfim técnicas de mão direita, que irá conciliar para que a mão esquerda consiga executar o que sua mente musical pede na hora da execução.

- Quais são os instrumentista que você admira? 

Nossa, tenho inúmeras referências nos mais variados instrumentos, mas falando de violão 7 cordas, vamos lá: Dino 7 cordas, os Gemeos Valter e Valdir, Raphael Rabello, Luizinho 7 Cordas, Edmilson Capellupi, Rogério Caetano, Félix Junior e um amigo de minha geração que esta mandando muito bem Gian Correa.

- Costuma frequentar/tocar em alguma roda de samba?


Sim, costumo, inclusive eu adoro isso, só não sou fixo em nenhuma, faço shows e rodas com muita gente, atualmente tenho o meu Conjunto de Choro que é o Choro em Linha de Passe, sou arranjador e diretor musical da banda da minha amiga - Tereza Gama, e toco com uma galera que sempre liga e agenda as datas e vou por ai seguindo a canção.

- Pra finalizar, o que o violão de 7 cordas representa pra você?


Meu porto seguro, falando primeiro em paixão o violão me faz feliz, com ele em mãos saio por ai tocando e alegrando as pessoas, e segundo foi ele que fez de mim um profissional, hoje tenho uma profissão a de músico que muito me honra, e quem me colocou neste cenário foram os acordes e frases que soaram do meu pinho, recentemente ele me deu uma das maiores alegrias que poderia me proporcionar, estive durante 15 dias na África fazendo shows, então meus caros amigos, só posso encerrar usando uma frase fantástico poeta Cartola "Eu e meu violão", somos um só nesta caminhada!!


Dolentes do ritmo







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